Se eu fosse você

Je est autre... Há anos Rimbaud usou da arte para explicar que quando criamos nao somos nós mesmos, mas sim algo que entra em nós e nos transforma em criadores... (Eu é outro diria Rimbaud)... Einstein dizia que quanto mais criava mais fora de si mesmo se encontrava, ou seja que a criaçao necessita desmantelar-se do seu ser criador... Daniel Filho através dessa comédia de pétalas de rosa, coloca em evidência que aconteceria se o homem fosse mulher e a mulher homem, nas atividades e sensibilidades. Sem dúvida hás partes muito divertidas, a parte que Toni Ramos é um grande ator, assim como Glória Pires, que nesse filme nao está muito inspirada... A classe média típica do rio se vê retratada (rica, branca, com uma casa luxuosa, que vai levar a filha prô exterior), ou seja nada mais irreal se se compara a verdadeira classe social da maioria... Glória Pires, mais que uma mulher de classe média, parece uma dondoca, que dá classes de música clássica prá secundária... Mas há um contraponto interessante, que sao as típicas conversas de botiquim entre os homens, e em isso acertou bastante DF. Mulher dirige mal, mulher nao pensa, mulher nao lê jornal, só pensa em gastar o dinheiro do marido, ou ir de comprar, tudos isso está retratado, assim como piada de loira que se subentende, ou de machismo no trabalho... Nao há grande defensa desses limites, até porque nao é funçao de um filme de costumes, mas coloca o assunto num debacle que busca um certo discernimento do que é correto ou nao pensar ou dizer... O final, muito a la brasileña, termina com ambos comentando que a mulher é de marte e que o homem de vênus, a la Simone de Beauvoir, mas depois disso, mas isso nao é um problema, só é a vida...diz um deles... Bonito final, saber nao complicar-se. Muito brasileiro por certo e eficaz