miércoles, 29 de junio de 2011

Homo politicus...o debate da naçao...

Zapateiro está abandonado. Nenhum dos seus políticos demonstra real confiança na sua perfomance. Curiosamente vai ser lembrado por ter aportado grandes vitórias sociais, mas ter acabado com a economia. O seu opositor, Rajoy pior ainda, mas tem o beneplácito da oposiçao. Mesmo que nao ofereceu nada novo e evita tomar partido ou criar idéias funciona também como um homo politicus. É curioso, no início os políticos eram os máximos representantes de um país. O seu poder estava relacionado com o seu exemplo. Eram guerreiros, antigos generais, aristocratas que lutaram pela igualdade, algo congtraditório mas positivo nesse momento. Hoje, infelizmente, os españóis nao se sentem representados pelos mesmos. E o caminho de recuperar o seu prestígio é árduo e com pedras no caminho. Muitos anos de bonança cargada por corrupçao, falta de estruturas de qualidade e pouca professionalidade política sao as causas. España nao é Grécia, nem será, tem uma economia muito mais potente e atrativa, mas hoje mesmo, ninguém se atreve a saber o que será o modelo Spain, o barco nao tem timoneiro...

lunes, 27 de junio de 2011

Pride Sao Paulo

O dia do orgulho. Com a lei de direitos civis em pé de igualdade, os homosexuais comemoraram a sua 'parade' em Sao Paulo com 4 milhoes de pessoas. Nao há dúvidas que o Brasil mudou e em muitos aspectos nosso ecletismo se faz evidente. Cada dia estamos, os brasileiros, dando espaços para que a sociedade nao tenha tantos prejuízos. Temos uma presidenta mulher, diferenciamos cada dia menos as pessoas pela procedência ou cor da pele e merecidamente os homosexuais exercem o seu direito o seu orgulho. Nao há volta atrás. Mesmo que muitos sejam críticos com o suposto 'perigo gay' à família, como alguns evangélicos exaltados, a sociedade deve necessariamente aceitá-los como o que sao, cidadaos com direitos.

Mitos educativos...

Nao esqueço o dia em que conhecí Jose. Fazíamos juntos o nivel 2 de alemao na escola oficial de idiomas. Era um menino de 1,50m de altura e uns 45 kilos. Simpático e alegre, divertía toda a turma. Mas nao conseguia seguir muito as aulas. Se pode dizer que aprovava com o beneplácito da profe. E o mais enigmático era que era formado em direito e ao mesmo tempo trabalhava de office-boy, de entregador para o governo urbano de Barcelona. Foi talvez a primeira idiossincrasia que encontrei entre um curso universitário e a baixa situaçao laboral posterior. Hoje um ensaio de escritor português no jornal La Vanguardia, Gabriel Magalhaes, o mesmo comentava, acertadamente, que o problema econômico-social se deve em parte à facilidade que um español ou português tem em se formar e que o nivel formativo é muito baixo. Recomendava um novo código deontológico, de relaçao aluno-professor. Sem dúvida um aluno que vai estudar na universidade deve estar preparado cognitivamente ao curso que desaja impartir e em isso nao há desacordo. Mas talvez o mais importante é que um estudante universitário deve provar que estará em condiçoes de exercer o seu curso, através das variadas exigências requeridas no mesmo. Nao pode ser que um aluno chegue à universidade com notas de corte realmente por debaixo do 50% de aprendizado colegial e que depois seja um doutor. A contradiçao é evidente. Mais exigência formativa é um imperativo real e necessário senao queremos ignorantes com título e desempregados...

Grécia na bancarrota...

Nao há volta atrás, Grécia quebrou. Já nos tempos da sua adesao havía muitas dúvidas no cenário europeu, sendo a sua entrada mais um feito histórica que uma realidade contrastada. O seus filósofos, os seus artistas sao um marco de referência obrigatório às humanidades, a sua primitiva construçao democrática um pioneirismo sem precedentes e os seus mitos, uma verdadeira cosntruçao européia. Mas hoje o tempo é outro. O governo pisou forte na bola, e com malandragens iludiu o sistema econômica até o seu desastre total. De acordo com Scheifel, catedrático harvaniano, nao há soluçao aparte de cobrar menos e trabalhar mais que os demais. Algo que ferirá seriamente o status quo local e a realidade social vigente. Esperemos.

FAO e a fome zero...

Lula ganhou fora. O programa Fome Zero, por muitos taxado de eleitoreiro ou populista ganhou adeptos mundiais com a nominaçao de José Graziano de Silva. Ganhou por poucos votos sobre a candidatura de Angel Moratinos, parlamentário e ex-ministro español, o que significa sem soma de dúvidas uma vitória e representaçao mundial muito importante. Hoje o Brasil pode se orgulhar de ser um novo símbolo no combate à fome e de respeito ppor parte dos demais. Parabéns.

domingo, 26 de junio de 2011

Madurez....

Todos amuderecemos de formas distintas, as mulheres em geral, mais rapidamente que os homens. Nao há uma lei biológica neural que nos diga quando seremos ou nao adultos, o que significa que nao podemos ainda com a neurociência predizer quando seremos realmente conscientes da nossa vida adulta. Hoje na entrevista ao jornal 'El País' realizado com jóvens de 18 anos, ficou constatado: a idade adulta realmente atrasou no velho continente. A vontade de luta real contra o sistema, o valor do esforço nao apareceu em nehum discurso, somente tentativas de mostrar-se com pensamento individual, com vontade de fazer o que se gosta e nada mais. Como dizem os próprios spanish, 'es lo que hay'...

sábado, 25 de junio de 2011

Exemplo

Na vida necessitamos exemplos. No livro autobiográfico 'O homem em busca do sentido', Viktor Frankl, psiquiatra vienês, mostrou que em situaçoes difíceis temos que buscar um sentido no nosso interior, no nosso poder de decisao. Muitas parábolas sempre nos avalam nessa busca e em muitos momentos difíceis necessitamos delas. Hoje curiosamente me apoio numa cômica que apareceu numa entrevista do jô Soares. Diante de uma negativa a participar num programa nacional de televisao, por se parecer a uma 'brasileira', ela pensou: Mas é que me orgulho de sê-lo. Nao podemos mentir, às vezes nos esquecemos que o nosso sentido inadiável é ser brasileiro. Nunca seremos outra coisa. Talvez porque o meus referentes sao os meus pais e por serem pessoas íntegras e honestas, algo raro no mundo, acreditem!, seria fácil associar virtude ao brasileiro, mas nem sempre é assim. Temos a tendencia de menosprezarmos frente ao outro, às vezes a ter vergonha alheia, quando sermos o que somos é o único que nos dá sentido a nossa vida. O exemplo começa com nós mesmos, com rirmos das nossas idiossincrazias, do nosso povo inocente ou malandro, mas também devemos sentir respeito e consideraçao pelos nossos ilustres desconhecidos patrícios. Somos críticos em demasia dos nossos políticos, das nossas desigualdades, da nossa violência urbana, porém também somos humildes em extremis com a nossa capacidade de fazer e ser amigos reais (amigos numa fila, amigos numa conversa de banco, amigos íntimos do amigo do amigo ad infinitum), de sermos felizes, sim! felizes diante de um mundo caótico e injusto, nos alegramos nos finais de semana, nos carnavais, na marotez de brincarmos como crianças. Somos gênios na arte de convidar amigos, de dar um abraço amigo quando se necessita, de nao colocar o dedo na ferida dos outros por simples estupidez. Mentimos as mentirinhas inocentes, nao ofendemos e nao gostamos dos exibidos, escondemos o nosso conhecimento por respeito e aceitamos como ninguém a ser realmente tolerantes. Parodiando Mário Quintana, nací brasileiro, talvez o evento mais importante na minha vida....

O trote...

Quando passei no vestibular me raparam a cabeça. Me lembro que foi um colega que também tinha aprovado no mesmo. Nao gostei da brincadeira, nao vamos a mentir, mas fazia parte daquele grupo e das suas 'obrigaçoes de calouro' os bichos. Os rituais de passo podem ser mais agressivos ainda. Na veterinária a fama era gigantesca. Dizia as lendas urbanas que faziam os 'bichos' coisas impossíveis, como rolar-se na pocilga e outras gauchadas. Nos EUA, as comunidades universitárias pedem verdadeiros esforços sobre-humanos para a adesao dos novos alunos na universidade, alguns como tentativas sexuais ou humilhaçoes psicológicas transcendentes. Ontem mesmo num documental televisivo mostravam até casos de morte e constantes casos de assédio por parte dos 'veteranos', estudantes em geral um pouco mais velhos. O rito de passo sempre representa uma dor, uma mudança de estágio. Os guerreiros espartanos saiam da casa, o kléros, e se transladavam a um ginásio, para se tornarem verdadeiros guerreiros. Hoje tristemente os ritos sao um resto dessa história, representam uma entreda direta em vícios (bebidas, algo que me levou alguns anos em dissociar da universidade) e carreiras de sexo ou outras drogas. Muitas universidades americanas estao seriamente pensando em acabar com as congregaçoes que intimam os alunos a perder a sua própria identidade pela simples razao de pertencer a uma comunidade. Na minha época, os jóvens levavam trotes inocentes e sem repercussao emocional intensa. Hoje a perda de valores básicos às vezes pode provocar mortes, um triste fim à juventude.

viernes, 24 de junio de 2011

Wilders e a liberdade de expressao

Liberdade de expressao. Uma palavra bela, mas curiosamente mal usada. Desde o pensamento de Descartes quando afirmava que 'posso nao concordar contigo, mas defenderei a sua capacidade de pronunciar-la' muitas aguas passaram e hoje sabemos que tal frase criou uma quimera de pensamento utópico. O caso Wilders, político xenófobo (outro eufemismo amplamente usado aos extra-comunitários ou filhos destes nascidos em território europeu) que acometeu contra os supostos 'perigos' do islao contra europa, cria material para novos enfrentamentos verbais, é um exemplo claro. Há uma linha têneu e imperceptível feita entre o que pode ser dito em público como pessoa pública e traz consequências esmagadouras e o que realmente significa ser livre em pensamento. A liberdade de expressao foi um conceito introduzido pelos ilustradores, Descartes ou Montesquieu, numa sociedade unificada e igual, tanto etnicamente como religiosamente e buscava através da ciência, estabelecer marcos de atuaçao livre dos propósitos dogmáticos religiosos. Talvez isso aclare a situaçao irônica dentro de um contexto multiétnico. A liberdade de expressao dificilmente acede ao sonho kantiano de imperativo categórico pela razao de cada sociedade tem os seus limites de liberdade de expressao e de pensamento. E há um fator importante, talvez o maior de todos na liberdade de expressao, que falha em Wilders, se estamos a dizer que o islao, como religiao, é um perigo real à Europa, aonde estao as provas científicas de tal agravo? Senao entramos na pura difamaçao, um ato que retira a dignidade das pessoas e a honra das mesmas. Assim a liberdade de expressao deve ser provada para nao entrar na calúnia ignorante e pedante, exercida por muitos políticos da extrema direita para criar medo e ressentimento alheio...

lunes, 20 de junio de 2011

Indignaçao toma Barcelona...

Ontem Barcelona estava revoltada. Muitas pessoas saíram às ruas para maldizer as novas políticas governamentais que restringem de forma atroz os direitos dos cidadaos em educaçao e saúde. Com uma taxa de desemprego de 20%, 35-40% entre os jóvens, há reais motivos de desespero. O enemigo número dois é o sistema financeiro. Hoje em entrevista no canal 1, red española, um dos vários representantes do movimento nacional, democracia ya (15 M) afirmava um sim rotundo da passeata realizada em mais de 150 cidades españolas. Os entrevistadores por outro lado nao sabiam o que perguntar até porque o movimento é cívico e nao político contenporâneo. Os indignidaos nao querem votar em tal ou qual, nao querem leis de uma forma específica e clara, querem mostrar que estao cansados de tanto sem vergonha. Se entende a jogada, mas no atual ambiente repressivo que o governo español recebe dos países chefes da UE (Alemanha e França), o movimento quase nao tem como mudar a política de todo um continente. Os que os españóis estao dizendo claramente, através desses jóvens que nao têm nenhum futuro dentro da atual Uniao Européia é claro: nao queremos retroceder à época dos nossos pais na etapa pós franco, querem viver tao bem como viviam há 10 anos. O que nao pensa esse movimento, é que haviam muitos outros países que malviviam essa época de vacas gordas e que aqui ninguém realmente se importava. Quando os bancos europeus se aproveitavam de outros países com juros absurdos, davam apartamentos hipotecados a famílias espanholas que nao tinham como manter-se. Há 10 anos atrás, ninguém se importava em gastar tudo em férias, carros bons e roupas de marca. Ninguém economizava ou pensava que o futuro nem sempre é tao azul claro como o céu de Barcelona. A situaçao española hoje se parece mais à Grécia ou Portugal, mas ainda nao vemos as consequências reais na sociedade, diga o que diga, o 'especialistas de turno'.

MIDNIGHT IN PARIS....DE WOODY ALLEN

Que aconteceria se pudéssemos viver nos anos dourados parisinos? Se tivéssemos conversas com Hemingway, Fittzgerald, Picaso ou Dali? Woody Allen volta a nos mostrar a sua genialidade em assuntos concretos, mas nao menos transcendentais. Sempre nos queixamos do futuro e da contenporaneidade como algo vazio, sem valores, e sempre queríamos ter vivdo outra época. De pequeno e adolescente queria ter estado em Woodstock, queria ter ido num show dos Beatles, conversado com Picaso e por que nao, que legal seria ter conhecido Dali, esse ser tao inaudito e genial. Também nesse pequeno filme Allen trabalha com as incongruências da nossa vida, as falsas perspectivas futuras, nossos sonhos na alturas. Talvez autobiográfico, esse amor tao potente por Paris, a cidade das luzes, da classe, da moda, dos intelectuais, de Sorbonne, essa cidade utópica que já nao existe (mesmo que Allen a conheça, nos dá mais uma impressao de guía onírico que realidade). Allen crê firmemente nessa vida de qualidade quando coloca as palavras na boca de um Hemingway, ou quando passeia pelas loucuras suicidas dos Fitzgerald, retratos de uma América que já nao existe, com tantos Tea Parties, ou com um Obama que já nao convence. Mas infelizmente se 'apoia' numa França já nao existente, num passado mitológico que tantos intelectuais de turno convencía. Mas como dizia a piada, uma coisa é ser turista, outra imigrante...

domingo, 19 de junio de 2011

MIR aos professores: uma grande idéia...

Rubalcaba, novo nome do PSOE, acaba de dar uma grande idéia: a criaçao do MIR para os professores. O MIR é um sistema nacional de provas unificadas que determina os futuros médicos especialistas. Durante um período entre 4 ou 5 anos, os médicos têm formaçao especializada e isso sem dúvida daria uma formaçao uniforme para os professores de primária e secundária. Se marcaria pautas mais corretas para as provas nacionais (no caso do Brasil, o ENADE) e desenvolveriam o país de forma mais uniforme.

A façanha das compras...

Já dizia George Clooney quando trabalhava numa loja de sapatos que os homens demoram em média 45 segundos para comprar algo e na verdade comparto esse cliché, dos poucos que realmente assento. Pois ontem fomos a comprar um produto na Fnac, multinacional francesa instalada na Praça Catalunha. O primeiro que volta à mente é o trato absurdo dos vendedores de Barcleona. Explicam pouco ou quase nada, respondem com essa cara de pôquer entre dúvida se vais a comprar ou se devem vender ao consumidor e com uma arrogância que tanto os caracteriza. Antes de sermos atendidos, um jovem curiosamente brasileiro pergunta se tinha chegado um Ipad que tinha encomendado. Entre grossura e sem vergonheci, os dois atendentes dizem que nao e que nao tinha nem o seu nome nos pedidos. O jovem diz, acertadamente, que tinha recebido uma mensagem da chegada do mesmo da própria empresa. O gordinho, sem resposta de desculpas, algo usual nessa terra, diz que o colocará na lista. Começa o nosso périplo. Perguntamos sobre modelos e diferenças. A qualque vendedor uma pequena sorrisa e um pouco de respostas a um cliente (que tenho certeza que nao têm nem idéia do que significa) seria suficiente. Pois nada. Responde outra vez bruscamente e sem o mínimo de coerência logística do lugar no qual trabalha. Ao final depois de tanto surrealismo compramos o produto, somente nesse lugar porque o vale de presentes que tínhamos ganhado era dessa empresa, nada mais. Pegamos um taxi para voltar. Um taxista com outra cara de pôquer nos leva a casa. Chegamos da nossa odisséia nao pasmados pelo trato grosseiro e pouco fino, mas sim aliviados de que nunca mais teremos que ver pessoas desse estilo...

Por fim...algo bom...malditos...

Por fim boas notícias chegam. O pequeno ensaio sobre Dilma Roussef elogia a sua decisao de afastar Palocci e de colocar duas novas cartas no seu novo governo. O ensaio coloca o poder ao 'matriarcado' atual, na sua posiçao firme e decidida, como presidenta, mulher e lutadora....Nao espero muito dos jornais españóis mas algo é algo, depois de tanta ironia ao Brasil....Bravo.

NAO SOMOS MÁQUINAS...

É curioso, mas nao somos ainda máquinas. Outro dia vendo Rafa Nadal, campeao manacorí-malhorquim de vários campeonatos mundiais de tenis, observei o esgotado que estava o pobre guri. Mas nem pensar em férias, na outra semana provavelmente estaria entrenando drasticamente para manter-se número 1 mundial do tenis. O mesmo passa com o que Javier Cercas chamava os 'privilegiados', pessoas com alto reconhecimento que devem estar a 'por todas', sem parar nem prá tomar um refresco. Às pessoas normais também acontece. Faz dias que o meus amigos da España me perguntam insistemente aonde vou morar e mais precisamente aonde vou trabalhar. Despois de 10 anos sem grandes descansos reais, linguas, especialidade, master e doutorado, que acabou faz 10 meses, já recomeçam as perguntas do que farei, que me 'especializarei', quanto ganharei, etc, etc...Nao há respiro. Se comparamos às sociedades antigas, como os gregos, nos parecemos cada vez mais à rigidez espartana de luta constante e preparaçao inalcansável que a essa morosidade tao divina, o Aion grego, viver eternamento o momento em que nos toca viver, o agora. Pois respondo na net, agora mesmo estou coçando a barriga, de maravilha...

viernes, 17 de junio de 2011

Mucho carácter....uma qualidade?

Desde que cheguei em Barcelona, uma qualidade bem valorada socialmente é ter o que chamam de 'mucho carácter'. Ter 'mucho carácter' significa responder firmemente ao que se pergunta, com pontas de grosseria, mas exigindo um resultado proveitoso para si mesmo. No início, os meus primeiros anos, vía como uma qualidade española, dizer claramente (como diziam), 'sin tapujos' (sem medos ou vergonhas alheias) algo que se pensa. Mas os anos te fazem também analisar e ver que nao podemos estar sempre o que diria 'em pé de guerra' com tudo, até porque com o tempo, vemos que nao há branco ou negro, há detalhes diferenciais e que sabemos muito menos do que creímas nessa fase inicial da idade madura. Ademais, a marca 'carácter' gera que ser franco nao é uma realidade, mas sim outra máscara de superioridade sem sê-lo. Quantas opinoes erradas e absurdas, quantas opinoes contraditórias vemos nas pessoas que crêm ter segurança em tudo, geram um saco vazio de conhecimento e uma total incipiência do mundo que nos rodeia...

miércoles, 15 de junio de 2011

A democracia representativa em banho-maria

A situaçao relativamente calamitosa dos indignaos contra a sessao da deputados do parlament da catalunya mostra as diferenças e brechas que separaram cada dia mais o poder público do poder político. Muitas pessoas em España nao se sentem representados e a consequència de dito ato foi a tentativa de barrar a porta de entrada das sessoes do plenário, principalmente hoje porque se votavam os recortes a todos os sistemas públicos que funcionam de maravilha. O povo nao é bobo, ou como dizia a minha avó Clélia, todos dizem que sao maus em matemáticas, mas ninguém se equivoca no troco, assim que muitos querem mudar. Também palavras sábias de um amigo de Santa Maria, "é mais duro ter sido rico que ser pobre indefinidamente". Perder o status quo, de liberdade, seguranças sociais e vida digna professional é uma luta constante desses jóvens. A ver se saem bem parados....

lunes, 13 de junio de 2011

OBESIDADE INFANTIL E EUFEMISMOS...

A década passada foi a época das doenças, tudo tem um nome patológico ou psiquiátrico que o dê nome de fábrica: cleptomania, agorofobia, vigorexia, ortodexia, tudo estava considerado uma doença, o que significa que tudo sao doenças. Hoje com um mercado saturado, os psiquiátras sao os primeiros a mudar o nome de origem;razao: todos já estamos doentes. A obesidade infantil é um exemplo. Em poucos anos afetará a 20% da populaçao espanholas, cifra perigosa e alarmante. Os eufemismos já se tomam nota nos centros do saber. Na Real Academia Española, o conceito de obesidade se limita a uma 'cualidad de peso', nada mais. Na ediçao de 2000 se colocava: 'exceso de gordura', como algo pelo qual teríamos que estar alertas. Na medicina tradicional usamos o apelativo 'factores de riesgo', algo que pode causar dano, mas nao necessariamente. Os eufemismos crescem e com a perda qualitativa da profundidade em pouco tempo chamaremos de aspecto ou detalhe humano. Mesmo que saibamos que acarreta problemas psicológicos e patológicos claros e evidentes, cada dia que passa parece que as pessoas nao querem enfrentar a realidade...Sim, 'o coraçao tem razoes que a razao desconhece'...

O fim do simbolismo abstrato na Arte...


Benedetto Croce estabeleceu que a arte poética necessita da intuiçao artística, que distinta à intuiçao racional, funciona de uma forma holística, compreende o todo, arte e razao. O novo filme de Manuel de Oliveira, O estranho caso de Angélica, representa toda essa interpretaçao da arte simbólica, uma metáfora da vida, o uso de imágens que se estabelecem como personagens e a morte que se estabelece como um continuum com a vida. Há outros toques importantes do simbolismo, o uso de um personagem sefardí como o retrato de uma país que já nao existe, de uma vida que já nao existe(os antigos judeus que viviam em Portugal e que foram expulsados antes dos descobrimentos). Por outro lado mostra a forte presença do catolicismo e a sua liturgia, os silêncios contínuos e a fotografia como o elo de uniao vida e morte. Isaac, consternado por alucinaçoes, estabelece aquela ligaçao entre a consciência e o sonho, entre a obsessao e a arte, lago freudiano, as neuroses e a vida do escritor. Como grandes falhos do filme, se pode tomar a monotonia das tomas, a falta de diálogo em um mundo atual mais racional que necessita de mais explicaçoes, a agniçao necessária para o ator principal, uma maior densidade nos diálogos e a redençao final, o remate explicitado. O filme al final se torna irregular, por aquela parcela do sempre imprescindível Aristóteles quando diz que as obras poéticas devem usar da metáfora, sempre quando nao se perca em enigmas contínuos que acabam com o argumentos e que uma obra deve por ser mesma ser inteligível,sem necessidades de buscas incessantes, compacta e perfeita... esses talvez sao os maiores falhos de Oliveira....

domingo, 12 de junio de 2011

LITTLE MISS SUNSHINE...o perigo da sexualidade precoz

O Reino Unido debate de forma séria os perigos emanados da sexualidade precoz. Muitas entidades de Antropólogos e Psicólogos trazem à luz um fenômeno relativamente jovem e poderoso: o uso da sexualidade infantil como moeda comercial. Casos horrorosos e dignos de revolta como os campeonatos de misses infantis nos EUA que modelam seres ainda inocentes, diga o que diga Freud, em armas, que depois sao usadas como uma marca nova e suja do capitalismo de massas: a sexualizaçao com fins lucrativos. No Brasil existe um controle adequado nos canais normais, mesmo que cada dia que passa a idade e conduta sexual ativa chega aos níveis pré-adolescentes. A influência da sexualidade via 'media' deve ser imperativamente estudada e controlada. Nao voltemos aos tempos da inquisiçao, mas tampouco tudo é permitido, principalmente o que afeta o desenvolvimento psíquico das nossas crianças.

FARWELL: AS DESPEDIDAS...

A minha primeira despedida lembrada foi em Picos. Nao tenho tantas imagens reais, mas sim lembro como se fôsse hoje mesmo dos choros e lamentaçoes da comunidade local, da nossa tristeza daquela saída. Faz dois dias me despedí dos meus companheiros do hospital. As circunstâncias nao foram as mesmas nem as pessoas sao as mesmas. Na carta que tinha junto ao presente, muitas vozes mostravam saudaçoes pela volta, desejos de sorte e de uma vida melhor, de tudo um pouco. Curioso que os mais capitalistas diziam que tomara que tivesse mais dinheiros e os mais emotivos, que fòsse feliz com Ana, minha futura esposa. Também mostravam as suas versoes sobre a minha forma de ser. Meu lado ácido e irônico. Minhas formas mais 'agresivas' de cumprimentar e minha alegria e simpatia por outro lado. Apareceram os que sempre estiveram ao meu lado, os que sabemos que nunca mais os verei, os que tivemos atritos mas que se solucionaram a tempo ou que nao se solucionaram, e outros evitaram a despedida, como eu teria feito em algumas situaçoes ou com algumas pessoas. Hoje, Barcelona já nao uma cidade na qual pertencí durante mais de 10 anos, hoje é uma cidade de trânsito e de passado. Levo a casa a satisfaçao de um trabalho terminado, de uma nova cultura intrìnseca e principalmente, uma segurança madura de enfrentar os dilemas da vida. Aprendi muitos esses últimos meses, a saber enfrentar mau sabores da vida com dignidade e esse é o ponto final da minha pequena epopéia e talvez a última vez que escreva sobre a mesma. Aprendi a ser forte....

DEFENSORA DEL LECTOR: EL PAÍS

Voltaire defendia a imparcialidade como a forma mais ideal e sublime do ser humano. Mário Quintana, por outro lado no livro 'A preguiça como método de trabalho', considerava o ideial de imparcialidade absurdo e inútil, pela simples razao que nao faz parte da inteligência humana, sendo uma atitude desonesta. Claro está que na vida, existem opinioes, mas outra coisa sao as notícias. O jornalismo sério, raro como cachorro verde, deve sempre ser o mais imparcial possível, dentro do marco de seriedade e claridade. Mas nao é o que vemos.O caso hoje citado pela 'defensora del lector' no jornal 'El país' mostra o caso. Um escritor famoso plagiou outro menor e perdeu no tribunal superior. A notícia bastante usual nao saiu nesse jornal comentando a decisao judicial, mas sim defendendo indiretamente o autor famoso que perdeu. A razao: o prestígio e poder desse senhor era maior. A defensora como teria que ser, defendeu a opiniao do escritor realmente vítima do assunto, um escritor sem fama, mas com integridade, perante à lei. Algo é algo....

viernes, 10 de junio de 2011

LEGALIZAÇAO VERSUS LIBERALIZAÇAO.

Outro dia comentando sobre minha opiniao sobre a legalizaçao do uso de drogas, muitas idéias ficaram em suspense. Temos que admitir, às vezes o que escrevemos levam a um lado nao desejado, por erros de interpretaçao dos outros ou falho próprio em escrever sobre o mesmo. Sigo pensando que o assunto é urgente. Milhares de pessoas morrem hoje no Brasil e no resto do mundo pelo uso indiscriminado de drogas. É um problema grave e com enormes consequèncias sociais, desde a perda de um futuro ser humano até respercussoes familiares ou sociais em geral. Mas, como eu disse na outra vez, legalizar é necessário. Mas há sem dúvida um ponto que deve ser dito, legalizar nao é sinônimo de liberar. Legalizar significa dar um sentido legal a algo. As drogas sao ruins, sem dúvida, mas devem estar dentro do marco legal para serem combatidas, nao se pode evitar vê-las como se nao existissem. Para que as pessoas se curem das drogas o primeiro necessário é retirar o lastre social de pária, de marginal e tratar o mesmo como é: um ser que necessita ajuda psicológica e psiquiátrica. Depois devemos separar as drogas nas quais as pessoas necessitam uma atençao mais urgente pelo risco de morte eminente (craque, heroína) que devem ser vigilados por uma atençao desintoxicadora mais exaustiva dos grupos que podem ser tratados por drogas mais leves, como a Canabis sativa, a maconha, que podem ser controladas de uma forma mais leve e menos drástica. Senao sabemos quantas pessoas se podem perder no meio do caminho, nao podemos atendê-las de forma eficiente. Se necessitarao centros com pessoas fortemente preparadas (equipe multidisciplinar) em centros urgentes e uma informaçao mais detalhada aos familiares e amigos das vítimas. Nao é uma assunto fácil, mas evitá-lo pode levar uma geraçao à ruína social como um todo....

jueves, 9 de junio de 2011

Humala e as pretensoes europeístas de verdade universais

Nao conheço a real sociedade peruana. Pelos dados que aqui chegam, a situaçao do país é de miséria e descrédito. Por outro lado vejo constantemente o modus operandi dos jornais españóis, dos 'pensadores' e a posiçao dos editoriais. Lula hoje por exemplo, está considerado um exemplo latinoamericano, mesmo que com a outra cara da navalha o acusem de neopopulista ou coisas do gênero. Humala já foi chamado de troglodita, de racismo (essa é para dar risadas, vejam quem fala com autoritas) e populista estilo Chavez, o boi zebú europeu. Assim o editorial de hoje da La vanguardia comentava dos 'problemas' permanentes de ser democráticos reais na América Latina, uma endemia de países sem cabeça e sem integridade. É curioso se pensamos na imagem internacional. Se pensamos nos milhoes de imigrantes europeus que se foram do seu continente, por descaso e miséria (21 milhoes somente aos EUA),na perseguiçao antiga aos judeus ou na nova forma camuflada de xenofobia aos extra-comunitários árabes, na corrupçao latente e populismo do atual presidente italiano, nas guerras mundiais realizadas por Europa, no nazismo, salazarismo, franquismo e outras intermináveis contradiçoes, por que somente Europa é correta e íntegra...Força de marketing e desmemória quando se necessita, e uma boa dosa de cara dura sao as possíveis respostas...

Liberalizaçao...um compromisso com a realidade.

As drogas sao um problema social e médico importante, mas existem. Outro dia saiu uma entrevista do FHC sobre a necessidade da sua legalizaçao. Nao há dúvidas que a sociedade tem estigmas, estereotipos e mitos, mas a liberalizaçao do uso de drogas será uma necessidade crucial para acabar com o tráfico das mesmas. Sabemos que os efeitos deletérios sao enormes, principalmente aos adolescentes, mas tratar o toxicômano como um ladroa é palhaçada. A sociedade somente evolui quando aceita os seus problemas e intenta combatê-los. Responsabilidade é necessária no seu controle e informaçao realmente exaustiva é urgente. Retirar as implicaçoes jurídicas e tratar como um problema de saúde é a única forma de combater a drogadiçao...nada mais...

miércoles, 8 de junio de 2011

JORGE SEMPRÚN

Morreu ontem uma imagem viva da história européia: Jorge Semprún. Lutou contra o franquismo, contra o nazismo e fue um retrato vivo do Ocidente. Uma frase ficou na memória: Que história seguirá, quando nós, os resistentes ao nazismo, já nao estiverem vivos?...Difícil resposta...Adeus senhor....

É MAIS VER O OUTRO QUE A SI MESMO...

Outro dia comentávamos algo curioso em relaçao ao elevador do nosso edifício: que as pessoas que entram no edifício (propietários) correm em direçao ao elevador se vêm que você está a caminho. Parece extranho mas é real, existe talvez um medo ao vizinho, ou um medo a cumprimentar o vizinho, ou simplesmente cretinice. E quando nao há escapatória, porque você está tao perto que nao se pode fechar na cara as 4 portas do elevador, perguntam com uma mistura de agonia e desespero: ¿Subes?...Outro dado curioso é que as vezes se encontras os mesmos na rua, mesmo depois de 10 anos vegetando no bairro, tampouco te cumprimentam. Por outro lado, achei curioso hoje, no jornal La Vanguardia, o comentário de um jornalista (Màrius Carol), quando dizia que em Nova Iorque nao se cumprimentavam nos elevadores, e o que os españóis sim. Ah sim, que educados e solícitos! A diferença talvez esteja que provavelmente em Nova Iorque se consegue entrar no mesmo antes que partam à velocidade do individualismo tao educado e cordial...

lunes, 6 de junio de 2011

AÍDA...INCONSCIENTE COLETIVO...

O humor é uma forma de sabermos o que pensam e do que se riem as pessoas na sua vida mais íntima. Há limites ao humor,mesmo que hoje parece que tudo pode ser comédia. Aristóteles considerava a comédia como o risível na imitaçao de seres piores que nós, mas sem causar dor ou ruína. Outra forma de humor mais baixa, que o próprio Platao desprezava era o poema jámbico,que seria aquela que atende a fins mais específicos, mais sexuais, racistas, contra homosexuais ou minorias étnicas. Outro dia vendo 'Aída', série española de sucesso indiscutível, com grandes atores como Paco León entre outros, o dono do bar, carácter clássico do dono de boteco español dizia: 'No me gusta los extranjeros, los chinos son raros, los negros huelen fuerte y los latinos son feos'...e risada computadorizada em sequência. Se atentamos à visao social do emigrante, a inferioridade é uma norma clássica. Mesmo que sabemos que o humor nao deve ser literal e funciona como uma forma de purgaçao psíquica, deixa em evidência o que se pensa do outro e ainda o que se pensa do estranjeiro. E nao se muda uma idéia em três dias...

domingo, 5 de junio de 2011

SOTAQUE: UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO DESCONHECIDO

Quando se chega num país estrangeiro todos os sotaques se parecem. Com pouco conhecimento, as diferenças sao imperciptíveis. Somente se diferenciam sotaques mais extremos (argentino, andalus e o clássico dos meios públicos de comunicaçao, rádio e televisao). Com os anos se pode diferenciar até cidades ou bairros específicos (Bonfa da Porto Alegre, a Mocca de Sao Paulo, etc). Nao há riqueza maior num idioma que a sua variaçao e significa que o povo local adaptou o idioma de acordo as suas conveçoes de origem e facilidade...Qual o gaúcho que nunca escutou o 'botemo e nao recuemo', sem a pluralidade típica da origem italiana? Ou o português com 'chiado' carioca, com a esse soando a xis? Ou o paulistano picaresco, 'Porra meu'? Na europa o dialecto estabelece até conflitos pelo nome do idioma, como o Valenciano e o Catalao, que embora se escrevem iguais, muitos o consideram distintos. No Brasil ainda o sotaque é considerado um estigma cultural e deve provavelmente aos efeitos da media que atende todo o país de uma maneira normatizada.Sempre achei curioso as mudanças do português nos telejornais (globo rio, globo sao paulo e RBS portolegre e por fim rbs Santa Maria). Há por outro lado,curiosamente uma tendência a mudar o sotaque de imediato, dependendo a regiao ou pessoa com a qual se conversa. E o mais curioso que sempre quando alguem fala um idioma distinto do nosso, consideramos 'cantado' no que isso signifique. Esse falar cantado, é común às pessoas que desconhecem os idiomas e as diferenças dialectais de um idioma. Um idioma é algo orgânico e sempre será fagocitado ao nosso prazer, sem normas rígidas e como o melhor meio de comunicaçao já inventado..Viva à diferença!!!!

sábado, 4 de junio de 2011

15 M OU MOVIMENTO ALTERNATA OKUPA


Hoje passei pela primeira vez dentro do movimento Democracia Ya em Barcelona. Realmente se percebe que a diferença entre os movimentos que saem na tele ou jornais nao se parecem a nada com a realidade. Muitos pensadores, escritores, jornalistas, insistem na profundidade do movimento, nas suas idéias, no ideal democrático. Alguns comparam ao maio de 68, outros ao movimento da praça Tarik, mas poucos realmente estao na área ou foram vê-la. Outro dia até um jornalista da Folha de Sao Paulo, relacionava com a eleiçao na Itália e dizia erradamente que o movimento surgiu em Portugal. Hoje o movimento nao tem a mesma aparència que a Plaza del Sol de Madrid. A maioria tem um perfil okupa (calça indianas, cabelo rastafari, barbilha, e outras coisas imagináveis) e sabemos que aparte dos ideais culturais ou políticos, há um claro ideal de ocupaçao e anarquia. Assim que nao creio que a democracia seja a meta básica, mas sim uma utopia mais de direitos de igualdade. Mas claro, ainda é cedo para ver...

Dart Vaider dos imigrantes em Badalona...

Barcelona todo mundo conhece. Olimpíadas, Barça, Gaudi,Ramblas, etc etc. É impossível nunca ter ouvido falar algo dessa cidade. É a capital européia do sul, da modernidade e turismo. Badalona, por outro lado, é uma desconhecida,quase ninguém a conhece. É uma cidade dormitório de Barcelona, com os seus 400 mil habitantes, formada pelos migrantes sulistas (Andaluzes, extremeños) ou nortistas (Galegos). Hoje Badalona tem como prefeito Albiol. Um gigante de uns dois metros, moreno cor de cuia, que soflama dardos contra os imigrantes. Começou com folhetos 'explicativos' contra os rumenos e depois contagiou com os demais (de fora) contra o seu direito de viver e habitar (um direito universal já esquecido em épocas de crise). A razao da sua eleiçao pode ser muitas: preconceito, medo ao estranjeiro, pobreza dos autócnos, um salvame quem poda. Nao sei. O que sim vejo é o que vía há dez anos atrás quando cheguei em España, ficando 10 dias em Badalona: 'Algo podre cheira no reino da Dinamarca'....

O poder da compra...

Hoje estamos acostumados a ir de compras. É quase impossível, mesmo para os homens, evitar ir de compras. A razao: hoje comprar faz parte de um ócio mais, é lazer. se vamos às lojas de roupas femininas (a maioria) ou unisex ( as masculinas, sabiamente já nao existem),nos impacta a força promocional das mesmas. Música moderna, designers coloridos e atendentes vestidos em estilos modernos e creativos. Os espaços sao outra parte da lógica. Se parecem mais a museus modernos (às vezes mais bonitos e mais estilizados), mas sem a necessidade de pensar na obra ou autor, pelo simples motivo que já ninguém se importa com quem fez, importa a marca de representaçao (DOLCI GABBANA, HUGO BOSS, ZARA, SPRIENGFELD, ETC) valam mais que os desenhistas dos mesmos. Por certo somente sabemos que sao os desenhistas quando sao despedidos ou contratados. Depois o seu simbolismo cai dentro da marca, se tornam impessoais. Também os shoppings centers cubrem uma funçao lúdica, possuem lugares específicos para o lazer infantil, eventos (a grande jogada promocional) recidivantes e com pessoas famosas ou reconhecidas e controle climático (nos dá prazer ter ar condicionado, enquanto fora se morre de frio ou calor...Com essas qualidades, comprar hoje já faz parte da cultura do ócio, da cultura dos ociosos...

DIREITOS HUMANOS BÁSICOS...

Quais sao os direitos universais básicos que se devem cumprir em todos os países? Depois de ler o manifesto mini de Stephen Hessel, a favor da luta e açao, muitas coisas ficam no ar. Hessel defende a liberdade do povo palestino contra o que 'chama' opressao israelense. Diz no seu manifesto que entende 'o povo palestino' e que o uso da violência é 'entendido' contra o opressor. Hessel, revolucionário, lutou contra os alemaes da época nazi, sendo preso e quase morto 2 vezes. Ajudou a escrever a declaraçao universal dos direitos humanos, sendo a sua luta um exemplo. Mas o falho nesse mini livro é comparar a situaçao palestina com o holocausto. Nao entra em alguns detalhes básicos, como os atentados diários que sofrem os israelenses (também inocentes) e a situaçao como mínimo primitiva da direitos humanos do gênero feminino no mundo árabe (algo que ele mesmo ajudou a redatar e que simplesmente esqueceu de redatar no livro). Por outro lado toma o exemplo de Gandi para a nao violência, como se no capítulo anterior nao tivesse 'apoiado a luta' revolucionária...É curioso ver as contradiçoes num pequeno livro que 'acelerou' o movimento Indignaos de España...Outro dia saiu na telinha o caso de uma moça jovem que ficou 10 dias na prisao por conduzir um carro na Arábia Saudita. Seria esse uma exceçao ou uma regra? Nao há dúvida que nao é uma exceçao e que muitas mulheres no mundo árabe nao podem viver com direitos mínimos, mesmo em países árabes mais 'democráticos'...Hessel tem sem dúvida o que os sábios latinos chamavam auctoritas, poder e prestígio pelo seu passado, mas nem tudo na vida se justifica, se faltam peças no quebra-cabeças de direitos humanos...

jueves, 2 de junio de 2011

A PEPINADA DOS ALEMAES...

A possível toxicidade remitada contra o pepino español, despois negada de forma leve pelo governo alemao, coloca em jogo algo que mundialmente sabemos insconscientemente que existe: os estereotipos. A alemao típico, para um español, e tb para boa parte do resto dos mortais, é de trabalhador, organizado e eficiente. Mesmo que existam alguns pouco trabalhadores e nécios (conheci alguns de pura cepa), o estereotipo os protege. O erro cometido apressuradamente pelo governo alemao (a culpa afinal era sua e nada foi dito) mostra que mesmo os governantes sao pessoas normais, que se afetam por estereotipos e falsas idéias dos demais. Quantas vezes escutei de forma eufemística que os brasileiros nao trabalhavam e que eram preguiçosos (chamando claro aos latinos para aparentear que nao entravas na festa) ou que as mulheres eram libidinosas. Mesmo que muitos catalaes nao se consideram españóis e se consideram por ende diferentes (melhores claro está, ninguém se considera diferente por piores) generalizam muito sobre os outros povos: que os latinos isto, que os franceses aquilo, que os ingleses outra coisa. Lembro da minha amiga Vanessa quando dizia que o europeu necessita classificar, sistematizar os outros, mesmo que claro, que os beneficie. Mas, as vezes o guspe cai na testa, quem tanto usa estereótipos por ignorância ou desconhecimento, sofre as consequências dos 'considerados' mais fortes..

miércoles, 1 de junio de 2011

PARTIDO SOCIALISTA ESPAÑOL...

Diante das últimas derrotas eleitorais em España, toca uma auto-relfexao das perdas e dívidas. O PSOE, partido que sempre representou a vox populi hoje está em vias de ser oposiçao. Em entrevista ao canal Tele 1, marcadamente socialista, um dos 'barones', chefes do partido, nao conseguiu responder nenhuma pergunta se comparamos com a clareza das mesmas. Quando ao final se perguntou pela autocrítica do partido necessária e ausente frente aos últimos resultados, o 'barón' dice 'Claro que estamos fazendo autocrítica' e ponto, sem explicaçoes adicionais. Hoje a prensa tem um poder ineludível, nao há força que a possa derrubar e é através desse meio que as respostas sao cruciais, o que significa que todos os partidos estao diariamente presentes. Por outro lado a sua presença nao serve muito porque sabemos como funciona, pao e circo. Os velhos discursos de que estamos melhorando ou as estatísticas relacionadas de duvidosa realidade, nao convencem. O povo quer trabalho, comida, segurança e residência. Se os mesmos nao vêem ou pior perdem as mesmas, nao há 'paella' para todos e a insatisfaçao cresce. A autocrítica, algo sempre árduo e difícil para as pessoas públicas, é urgente. Erramos. Ponto. A eleiçao já está perdida. Mas claro, os regulamentos do partido que mantém a vida boa para uns poucos nao deixam que a confiança seja um simples 'perdoname'...