sábado, 16 de enero de 2010

Livres por acaso

O meio faz o homem, já diz o dito popular, e curiosamente posso acrescentar, a sorte faz o homem. Lendo o livro de Barbosa Lessa, um grande historiador, talvez nao conhecido pela total falta de visao do país sobre o RS, aprendi coisas interesantes. Uma delas é a que talvez toda essa fama gaúcha de grosso, independentista, ensimesmado venha das origens do estado. A quase nao existência de portos seguros no mesmo fez com que essa área tardasse 200 anos pos descobrimentopara realemente fazer parte de algo. Ajudado pela presença de indígenas cabra-machos, os españóis durante anos olhavam essa regiao como uma área arriscada, perigosa, de poucas riquezas e com grandes mudanças climáticas. Deixaram os criolos (misturas de caçadarores de escravos com índios) ou até mesmo de indígenas escravocratas (Sepé Tiaraju dizem, eram um deles), criassem uma sociedade sem saídas internacionais, sem limites territorias e com grande vontade de serem algo extra-terrestres de cara aos outros. Curiosamente ficou como marca indelével essas características: a nao pertenência precisa a uma fronteira (como os casos das cidades fronteriças que sendo brasileiras ou uruguaias, apenas se diferenciam), a pouca importância dada às instituiçoes governamentais (talvez também explique essa característica tao gaúcha de estar sempre em contra os governos centrais), a falta de modais ocidentais (tanto que as poucas cidades que o eram como Pelotas, hoje sao consideradas cidades homosexuais), os diálogos curtos e afirmativos (em comparaçao com os estados do norte), a pouca importância dos jornais locais ao que passa no mundo fora do rio grande (o melhor deles Zero Hora, apenas têm corresponsais externos, até dentro do país), etc... Essa característica do umbigo mayor vem possivelmente herdada do descaso e criou em contrapartida uma sociedade distinta, algo ectópica, de um povo atípico dentro da própria América Latina....

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