Ser ou nao ser...

Quando era um piá mau feito, com pernas grandes e sonhos castelinos, usava do solilóquio para quiexar-me, para estudar, para tudo... Ía de passo ao curso de inglês na antiga escola de letras de Santiago, e conversava comigo mesmo em voz alta, dissertando frases ao azar, como um louco da pradeira... Nos tempos difícies, gritava comigo mesmo e rompia bics em mesas imaginárias. Sempre tive o pressentimento de certa loucura borderline, de certo desconcerto...Mas graças ao bom senhor nao estou louco, ou talvez nem tanto como pensava... O solilóquio está considerado um ato racional de cura, de expressao, de limpar a casa mental e chegar à lucidez. Assim confirmam os psicólogos e assim funciona. Conversar consigo mesmo nos alivia, nos transformar em seres racionais (ato común nas crianças e infelizmente mau visto nos adultos)... Assim que, se por acaso o dia lhes depare com um louco da pradeira, deixe que soliloqueie, que viva no seu ritmo, que se encontre.... pensar nao é ruim e nunca será...